Congresso Mundial de Arquitetos no Rio terá encontro de duas cariocas reconhecidas no exterior

Ter, 06 de Agosto de 2019 15:00



Evento terá no comitê de honra Elizabeth de Portzamparc e Carla Juaçaba, profissionais brasileiras premiadas lá fora

 

Elizabeth de Portzamparc e Carla Juaçaba: trajetórias distintas que se encontrarão em congresso no Rio Foto: Divulgação / Zoltan Alexander (esq.) e Rafael Pavarotti (dir.)

 

RIO — Duas cariocas premiadas e reconhecidas internacionalmente farão parte do comitê de honra do Congresso Mundial de Arquitetos, em julho do ano que vem no Rio. São elas Elizabeth de Portzamparc e Carla Juaçaba. Desde os 17 anos em Paris, Elizabeth assina grandes projetos na Europa e na Ásia que seguem o conceito de cidades verticais. Ela defende um retorno ao que chama de função primordial da arquitetura, que é “abrigar vida”, para viabilizar moradia social de qualidade. Juaçaba, autora de projetos residenciais no Rio e com discurso voltado para a sustentabilidade, teve uma capela criada para o Vaticano exposta na Bienal de Veneza no ano passado. De aço polido, a igrejinha, feita quase sem nenhum material, se escondia na vegetação e era refletida por ela, causando um efeito único.


São trajetórias distintas, que se encontrarão no ano que vem no evento que deve reunir 25 mil pessoas na cidade e promete ter uma forte pegada social. Para Elizabeth, o congresso deve ser uma ponte para ideias que abordem a atual crise ambiental, econômica e urbana, com o crescimento das cidades.

— Em 2030, 70% da população mundial viverão nas cidades, e isto implica no desenvolvimento espontâneo de comunidades imensas, como no Brasil, nas Filipinas e no México. Será uma chance para discutir como devemos agir para que o arquiteto continue tendo função de abrigar vida e não só abrigar a economia , escritórios e moradias de luxo — afirma Elizabeth. — Os arquitetos hoje pouco agem no campo social, para as populações mais frágeis.

Batalha pelo museu
Com escritório no Rio, Juaçaba acredita que o evento vai promover uma troca entre experiências locais, sempre repensando ideias ligadas à sustentabilidade.

— Essa é a parte mais interessante: não existem exemplos globais, mas sim soluções locais. A arquitetura e o urbanismo são sempre pontuais. Teremos no congresso figuras de diferentes lugares do mundo — comenta a arquiteta, vencedora do prêmio AR Emerging Architecture Awards 2018 e que projetou com Bia Lessa o Pavilhão Humanidade da Rio+20, de nove mil metros quadrados, todo feito em andaime.

Elizabeth de Portzamparc, que não tem projetos construídos na cidade — embora seja casada com Christian de Portzamparc, arquiteto francês autor da Cidade das Artes —, hoje trabalha em grandes torres que reproduzem espaços urbanos. Em Taiwan, já começaram as obras de uma delas, com cerca de 65 andares, que vai abrigar galerias, museu, bares e praças. Ela também tem um projeto de edifício em L para Paris que terá de cinco a 12 andares e contará com rua pública central.

Vencedora em 2016 do prêmio Future Heritage Award, Elizabeth pretende reunir outros arquitetos no Rio para o que chama de “batalha” pelo Museu Nacional:

— A manutenção dos edifícios públicos de qualidade não tem sido bem gerenciada. Todos vimos com muito sofrimento as perdas imensas do Museu Nacional. Uma das primeiras propostas que se deve discutir no evento é a reconstrução do edifício e de seu acervo — defende ela, que também gostaria de ver donos de grandes fortunas engajados no projeto, como aconteceu após o incêndio na Notre Dame, em Paris.

De Globo.

 

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