Seminário de Política Urbana Quitandinha + 50

Seg, 08 de Julho de 2013 15:37



 

 

 

QUITANDINHA + 50 Brasília

Espaço público: cultura, patrimônio e cidadania

 

Relatório Final

 

O Seminário de Política Urbana Quitandinha + 50, realizado no Auditório Dois Candangos da Universidade de Brasília, nos dias 24 e 25 de junho de 2013, constituiu-se de três sessões, compreendidas em um Painel Institucional, uma Mesa Redonda e uma reunião de Grupo de Trabalho. As sessões foram precedidas e encerradas com duas conferências sobre o tema do evento.

 

 

Da primeira sessão, dedicada ao Painel Institucional intitulado Espaço Público e Cidadania, participaram Paula Miraglia, Gabriel Santos Elias e Antônio Carlos Almeida Castro. O objetivo foi traçar um panorama dos acontecimentos recentes, relativos às manifestações que mobilizaram mais de um milhão de pessoas nas ruas das cidades brasileiras.  O Painel é aberto pela mediadora, jornalista Antônia Márcia, que passa a palavra à antropóloga Paula Miraglia.

Segundo a antropóloga, a segurança precisa ser entendida como serviço público, e não se resumir ao poder de polícia, cuja função parece limitar-se à conservação do patrimônio público e privado e à repressão.

Em seguida, o cientista político Gabriel Elias, integrante do Movimento Passe Livre, defende o transporte urbano gratuito como instrumento de garantia do direito à cidade. Recoloca, também, a rua como espaço histórico de manifestação da insatisfação e frustração frente à má qualidade dos serviços públicos básicos.

O advogado criminalista Antônio Castro (Kakai) destaca, por fim, a importância da troca, pela juventude, da interface virtual do “facebook” para o “face a face” nas ruas e nos espaços públicos da cidade.

A Conferência de Abertura do evento, ministrada pelo arquiteto português Nuno Portas, enfoca a ressignificação do espaço público como espaço coletivo. Segundo Portas, o arquiteto deve priorizar o espaço coletivo antes do projeto do edifício.

À conferência, seguiu-se a mesa redonda “Espaço Público e Sociedade”. O arquiteto e urbanista, Benny Schvarsberg, traçou um panorama do primeiro seminário Quitandinha, ressaltando a “constrangedora atualidade” das propostas de planejamento articuladas em 1963.

Miraglia, retoma questões colocadas na primeira sessão, enfatizando a segurança como garantia de direitos vinculados a um projeto de cidade. Exemplifica sua fala, destacando esforço realizado pelo governo carioca com a ocupação das favelas pelas UPP, onde os serviços públicos do estado são paulatinamente reinseridos nessas comunidades.

Finalizando a sessão, Luciana Saboia, arquiteta e urbanista, declara, a partir dos espaços livres de Brasília, o espaço público como expressão da coletividade, mas também da individualidade do sujeito que se reconhece como cidadão no confronto com o outro.

Na última sessão do evento, antes da Conferência de Encerramento, com o arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik, o Grupo de Trabalho reuniu-se e sintetizou as discussões, após uma rodada em que foram colocadas as impressões gerais sobre os temas tratados nas primeiras sessões, propondo a seguinte pauta de atuação do IAB, quanto ao tema:

 

1.      Problematizar a questão do “espaço público” (espaço livre, vazio, espaço coletivo);

2.      Afirmar a importância do papel do arquiteto na configuração humana da cidade;

3.      Reforçar a formação política dos arquitetos para a sua atuação no planejamento urbano;

4.      Delimitar, aprimorar e integrar as atribuições institucionais e os instrumentos existentes de planejamento, gestão e participação, adequando-os às diferentes escalas do território;

5.      Avaliar os impactos do programa “Minha casa, minha vida,” considerando-o um grande evento urbano; e,

6.      Preservar os espaços públicos e o sistema de espaços livres de Brasília;

 

Finalizando o Seminário, Guilherme Wisnik discorreu brevemente sobre a ligação intrínseca entre os protestos e manifestações e a questão urbana, a metrópole e a mobilidade.

Em seguida apresentou o projeto de curadoria da X Bienal de Arquitetura de São Paulo - Cidade, modos de fazer, modos de usar, que desenvolve conjuntamente com Ana Luiza Nobre e Lígia Nobre, mostrando tratar-se de projeto inovador.

Espalhado pela capital paulista ao longo da infra-estrutura de transporte, vale-se de tradicionais equipamentos culturais da cidade. A chamada para trabalhos buscou dar novo significado à exposição de arquitetura evitando projetos em demasia e desarticulados da temática do evento.

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