Cidades flutuantes e ecológicas podem ser a resposta aos desafios da humanidade

Ter, 12 de Fevereiro de 2019 11:00



Foto: Cortesia de URBAN POWER para Hvidovre municipality 

À medida que a população mundial cresce desenfreadamente, começa-se a especular mais seriamente sobre possíveis novos futuros. Pensando nisso, o URBAN POWEr, escritório de arquitetura e planejamento urbano, desenvolveu o projeto de nove ilhas artificiais estrategicamente localizadas na costa sul da cidade de Copenhague e tem o objetivo de responder a muitos dos desafios iminentes pelos quais a cidade tenderá de passar nos próximos anos. As ilhotas, chamadas de "Holmene", atendem às crescentes demandas por espaço, produção de energias limpas e barreiras contra enchentes.

 

Foto: Cortesia de URBAN POWER para Hvidovre municipality

 

"Uma estratégia deste tipo possui inúmeras vantagens", explicou o sócio da URBAN POWER, Arne Cermak Nielsen. "Estas ilhas poderão ser implantadas em várias etapas, sem no entanto, deixar a impressão de um projeto inacabado. Além disso, as ilhas podem funcionar como zoneamentos urbanos de forma a favorecer as melhores condições para o desenvolvimento da indústria, da produção de energias renováveis, biotecnologia e para abrigar futuros setores urbanos ainda desconhecidos. A qualidade de vida em um espaço como este não deve ser subestimada, a cidade de Copenhague é conhecida por sua ótima relação com à água, ilhas fluviais próximas do delta possuem um potencial único e inexplorado".

Apelidado de "o vale do silício da Europa", estima-se que uma estrutura destas dimensões possa acomodar até 380 novas empresas, gerando aproximadamente 12 mil novos postos de trabalho. A área não será reservada exclusivamente para o desenvolvimento de novas tecnologias, mas funcionará como um terreno fértil para a produção de energias renováveis como o armazenamento de calor e energia eólica. Além disso, as ilhas na costa de Copenhague receberão a maior planta bio-energética da Europa. De acordo com os estudos realizados, pelo menos 70 toneladas de CO2 deixarão de ser lançados à atmosfera anualmente, produzindo mais de 300 MWh de energia limpa, o que representa 25% do atual consumo de energia da cidade de Copenhague.

A construção das ilhas funciona também como uma resposta ao excedente de terra da cidade, oriunda da construção do metrô e outras grandes estruturas. O aterramento destas ilhas proporcionará uma barreira natural contra as inundações e uma enorme quantidade de novas frentes para a bacia de Copenhague. O início das obras está previsto para 2022, com a conclusão prevista para 2040.

Foto: Cortesia de URBAN POWER para Hvidovre municipality

Embora o aterro de ilhas artificiais não seja algo novo, a Holmene será a primeira e única ilha construída para abrigar sistemas inovadores de produção de energia limpa e livre de combustíveis fósseis. Historicamente, aterros tem sido construídos para resolver o problema da falta de espaços urbanos em regiões já urbanizadas. Até hoje, mais de 300.000 pessoas vivem em uma das maiores ilhas artificiais do mundo, construída no Lago IJmeer, em Flevopolder. Também no Lago IJmeer, em Amsterdã, um projeto de construção de dez novas ilhas artificiais está sendo desenvolvido para abrigar projetos de habitação social. O primeiro deles, o Centrumeiland, foi lançado em 2015 e deverá ser construído já nos próximos anos. Em Dubai, a Palm Jumeirah é a primeira estrutura de uma série de ilhas artificiais que farão parte de um grande arquipélago criado pelo homem. Quando estiver concluído, este enorme aterro proporcionará cinquenta quilômetros adicionais à costa de Dubai, um novo destino turístico repleto de hotéis de luxo e casas de final de semana. Mais recentemente, a cidade de Hong Kong aprovou um projeto de uma ilha artificial com capacidade para abrigar até 1,1 milhão de pessoas.

 

Foto: Cortesia de URBAN POWER para Hvidovre municipality 

Ilhas artificiais podem ser uma solução simples ao crescimento populacional no planeta e também uma resposta ao aumento do nível das marés. No entanto, devemos considerar que terras artificialmente criadas em meio à água também podem ter efeitos negativos, tais como a gentrificação e a expulsão de comunidades indígenas além da destruição de ecossistemas inteiros, conforme foi visto na Malásia durante a construção da Forest City. Não importa se construimos sobre a terra ou sobre a água, é sempre necessário pensar nas consequências e avaliar todos os riscos antes de tomas qualquer decisão.

FONTE: ArchDaily

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